quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Começam as gravações do Documentário “A Esquina de Monalisa” de Rodrigo Casali e José Renato Arena Scorsatto


“Mais que nunca precisamos das vozes daqueles cujo discurso não foi turvado pela tentação de dominar o mundo. Mais que nunca temos que prestar atenção naquele gigantesco cadinho humano da chamada periferia, onde sabedorias e práticas seculares são guardadas onde se ensaiam, sob condições incrivelmente difíceis, estratégias de vida e de sobrevivência que buscam alcançar o futuro [...] Se queremos conhecer o ser humano, então temos que aprender a dirigir o nosso olhar para as distâncias.“
 (Hubert Fitche,1987)

Fichte, baseado nas pesquisas de campo de Malinowski, desenvolve seu método de pesquisa, fundamentado na oralidade, como uma maneira de dar voz significativa ao outro, expressando seus tormentos e sua solidão. 
Essa metodologia decorre de entrevistas gravadas, transcritas e colocadas ao público, segundo critérios pré-determinados pela existência de um projeto, que só pode ser realizado se houver a participação das testemunhas oculares dos eventos históricos.
O Livro Documentário “A esquina de Monalisa” parte das metodologias de pesquisa em história oral: a Etnopoesia de Fitche, a descrição densa de Geertz e a história Cultural de Chartier, para a construção de um novo olhar sobre a história das travestis no interior de nosso Estado.
            Rodrigo Casali é pesquisador, professor de história e artista plástico. Possui Graduação e Mestrado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul – UFMS. Sua pesquisa está concentrada na Etnopoesia – estudo das linguagens e das identidades e representações - de grupos marginalizados.
            Fundamentado nessas pesquisas, com chefes de terreiro, publicou o livro “Autofalantes”, 2010, pela editora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, com apoio do CAPES – Centro de Apoio à Pesquisa.
            Desde que reside em Botucatu, a partir de seu trabalho com os travestis, realizou a exposição “A Esquina de Monalisa” composta por pinturas, desenhos e vídeos, em que esses atores sociais relatam aspectos de seu cotidiano. 
    A mostra aconteceu no Museu de Arte Contemporânea do município, sendo seu trabalho de artes visuais, participante e vencedor de uma das etapas do Mapa Cultural Paulista, no mesmo ano.
  Para ampliar sua experiência e pesquisa propõe agora a publicação de um livro-documentário “A Esquina de Monalisa” que será acompanhado de um vídeo com histórias de travestis de nossa cidade, em um processo de tradução para a escrita de uma nova História - aquela vista de baixo.

O documentário será resultado de pesquisas, leituras e trabalhos de campo da equipe envolvida e partirá de etnografias, descrições densas e entrevistas, tratando da identidade e da representação dessas personagens ocultas em nossas periferias urbanas - a travesti.
Para a elaboração de um trabalho com excelente tratamento audiovisual o projeto conta com a participação do Cineasta José Renato Arena Scorsatto e com a direção de arte do artista plástico Everton Oliveira, experientes profissionais da área.
Visando contribuir também para a construção de diálogos que aproximem o Centro à Periferia e difundir o conhecimento e a tolerância pelo interior do Estado, o autor participará de lançamentos de livros, eventos, seminários e congressos sobre a temática LGBT, além de realizar palestras e exibições do documentário como contrapartida pela publicação da obra.
Desse modo, o projeto tem como objetivo a publicação de mil (1.000) exemplares do livro “A Esquina de Monalisa”, bem como, a filmagem e edição de um Vídeo Documentário, que acompanhará o livro, com as histórias de vida contadas pelas travestis de Botucatu.
Para democratizar ainda mais o acesso à informação, uma parte do livro-documentário “A Esquina de Monalisa” será distribuído gratuitamente para Comitês, Conselhos e Assessorias Municipais de Políticas Públicas para a Igualdade de todo o interior do Estado de São Paulo. 


           Direcionado a pesquisadores, acadêmicos, alunos do ensino médio de escolas públicas, ativistas, militantes da causa e toda a comunidade interessada pelo assunto, outra parte da publicação será comercializada a preços populares, dez reais (R$ 10,00).
Finalmente, buscando o fomento e a implementação de projetos na área e a criação e ampliação de políticas públicas específicas voltadas à saúde, educação e cultura dessas mulheres, o trabalho terá linguagem acessível, a fim contribuir para a construção de uma atitude mais positiva e afirmativa frente às diferenças.
            O projeto conta com a parceria da Secretaria Municipal de Saúde, da Revista Ethos e do site de notícias Acontece Botucatu. Já foram realizadas três entrevistas de natureza bastante diferenciada. A primeira delas foi com a técnica em enfermagem Micheli, que contou parte de sua experiência de vida.
            Depois foi a vez de Vivi, trabalhadora da saúde, que atua diretamente na prevenção de doenças sexualmente transmissíveis com outras travestis no bairro Cecap. Há também uma interessante entrevista com o pai de santo Carlinhos.
            O filme tem previsão para lançamento em dezembro desse ano e mais informações podem ser obtidas pelo fone (14) 8165-0760 ou pelo endereço na internet www.aesquinademonalisa.blogspot.com








quarta-feira, 8 de agosto de 2012