Começam
as gravações do Documentário “A Esquina de Monalisa” de Rodrigo Casali e José
Renato Arena Scorsatto
“Mais que nunca precisamos das vozes
daqueles cujo discurso não foi turvado pela tentação de dominar o mundo. Mais
que nunca temos que prestar atenção naquele gigantesco cadinho humano da
chamada periferia, onde sabedorias e práticas seculares são guardadas onde se
ensaiam, sob condições incrivelmente difíceis, estratégias de vida e de
sobrevivência que buscam alcançar o futuro [...] Se queremos conhecer o ser
humano, então temos que aprender a dirigir o nosso olhar para as distâncias.“
(Hubert
Fitche,1987)
Fichte,
baseado nas pesquisas de campo de Malinowski, desenvolve seu método de
pesquisa, fundamentado na oralidade, como uma maneira de dar voz significativa
ao outro, expressando seus tormentos e sua solidão.
Essa metodologia decorre de entrevistas
gravadas, transcritas e colocadas ao público, segundo critérios
pré-determinados pela existência de um projeto, que só pode ser realizado se
houver a participação das testemunhas oculares dos eventos históricos.
O Livro Documentário “A esquina de
Monalisa” parte das metodologias de pesquisa em história oral: a Etnopoesia de
Fitche, a descrição densa de Geertz e a história Cultural de Chartier, para a
construção de um novo olhar sobre a história das travestis no interior de nosso
Estado.
Rodrigo
Casali é pesquisador, professor de história e artista plástico. Possui
Graduação e Mestrado em História pela Universidade Federal de Mato Grosso do
Sul – UFMS. Sua pesquisa está concentrada na Etnopoesia – estudo das linguagens
e das identidades e representações - de grupos marginalizados.
Fundamentado
nessas pesquisas, com chefes de terreiro, publicou o livro “Autofalantes”,
2010, pela editora da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul, com apoio do
CAPES – Centro de Apoio à Pesquisa.
Desde
que reside em Botucatu, a partir de seu trabalho com os travestis, realizou a
exposição “A Esquina de Monalisa” composta por pinturas, desenhos e vídeos, em
que esses atores sociais relatam aspectos de seu cotidiano.
A mostra aconteceu no Museu de Arte
Contemporânea do município, sendo seu trabalho de artes visuais, participante e
vencedor de uma das etapas do Mapa Cultural Paulista, no mesmo ano.
Para
ampliar sua experiência e pesquisa propõe agora a publicação de um livro-documentário
“A Esquina de Monalisa” que será acompanhado de um vídeo com histórias de
travestis de nossa cidade, em um processo de tradução para a escrita de uma
nova História - aquela vista de baixo.
O
documentário será resultado de pesquisas, leituras e trabalhos de campo da
equipe envolvida e partirá de etnografias, descrições densas e entrevistas,
tratando da identidade e da representação dessas personagens ocultas em nossas
periferias urbanas - a travesti.
Para a elaboração de um trabalho com excelente
tratamento audiovisual o projeto conta com a participação do Cineasta José
Renato Arena Scorsatto e com a direção de arte do artista plástico Everton
Oliveira, experientes profissionais da área.
Visando
contribuir também para a construção de diálogos que aproximem o Centro à
Periferia e difundir o
conhecimento e a tolerância pelo interior do Estado, o autor participará de
lançamentos de livros, eventos, seminários e congressos sobre a temática LGBT,
além de realizar palestras e exibições do documentário como contrapartida pela
publicação da obra.
Desse
modo, o projeto tem como objetivo a publicação de mil (1.000) exemplares do livro “A Esquina de Monalisa”,
bem como, a filmagem e edição de um Vídeo Documentário, que acompanhará o
livro, com as histórias de vida contadas pelas travestis de Botucatu.
Para democratizar ainda mais o acesso à
informação, uma parte do livro-documentário “A
Esquina de Monalisa” será distribuído gratuitamente para Comitês, Conselhos e
Assessorias Municipais de Políticas Públicas para a Igualdade de todo o
interior do Estado de São Paulo.
Finalmente, buscando o fomento e a
implementação de projetos na área e a criação e ampliação de políticas públicas
específicas voltadas à saúde, educação e cultura dessas mulheres, o trabalho
terá linguagem acessível, a fim contribuir para a construção de uma atitude
mais positiva e afirmativa frente às diferenças.
O projeto conta com a
parceria da Secretaria Municipal de Saúde, da Revista Ethos e do site de
notícias Acontece Botucatu. Já foram realizadas três entrevistas de natureza
bastante diferenciada. A primeira delas foi com a técnica em enfermagem
Micheli, que contou parte de sua experiência de vida.
Depois foi a vez de
Vivi, trabalhadora da saúde, que atua diretamente na prevenção de doenças
sexualmente transmissíveis com outras travestis no bairro Cecap. Há também uma
interessante entrevista com o pai de santo Carlinhos.
O filme tem previsão
para lançamento em dezembro desse ano e mais informações podem ser obtidas pelo
fone (14) 8165-0760 ou pelo endereço na internet www.aesquinademonalisa.blogspot.com
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